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O Ser!


          Sabemos que existem entes, pois tudo é ente. O céu, as estrelas o mar, as coisas, os     animais, o homem, enfim tudo é ente. Sabemos que cada ente tem características próprias, finalidades específicas. Também sabemos que cada ente tem seu ser. O ser do ente. Mas, o que caracteriza o ser do ente? Como separá-lo do ente? São perguntas complicadas, pois, sabemos que todo ente tem seu ser, contudo, o ser não está alojado em algum lugar do ente. O ser invade o ente, qualifica-o, mas, não se deixa limitar pelo ente. Assim, fica evidenciado  que o ente é o que a sua presença  demonstra. .Mas, na subjetividade do ente encontra-se o ser.  .
      Entretanto, para mergulharmos no ser, temos que transcender a ontologia, a ciência, a ontoteologia, e mergulharmos na metafísica do ser, observando o ser, enquanto ser, eis a imensa dificuldade, porque, os demais caminhos acabam funcionando como um distanciamento do ser. Com certeza, por isso que o grande místico Khisnamurti  afirmava: Tudo funciona como fuga: religião, droga, saber,etc... Porque  impede
a observação direta do ser. Portanto, é interessante compreendermos que nada, nem pessoa, autoridade, crença, ciência,elas não poderão ensinar o que é o Ser. Heidegger em seu memorável artigo o que é metafísica? Demonstra a similaridade entre o ser e o nada. Demonstra a sutileza do ser, no entanto, valoriza a descoberta, e compreensão do ser dos entes. Não obstante, a imensa dificuldade inerente ao processo de compreender e descobrir o ser dos entes, este caminho é único e original, porque ninguém poderá conduzir  outro ser humano  nesta jornada.

         Ademais, o processo de observação do ente em busca do ser requer persistência, paciência, determinação, pois a grande massa humana encontra-se emaranhada nas religiões, nas ciências, e mesmo nas ontologias. Assim, muito poucos ousam compreender o ser de cada ente. Portanto é fundamental observar o ser, pois a cada instante ele está transformando-se em não ser.  Parmênides, (filósofo pré socrático  que nasceu entre 530  a 515, a.C), é tido por muitos como fundador da metafísica  ao afirmar a importância do que  é; negando peremptoriamente o nada, abre caminho para  a metafísica do ente, e por conseguinte  o estudo do ser. Então todo ente tem um ser?  Sim, todo ente tem um ser, eis a verdade. Este ser é subjetivo, jamais transcendente, assim fica complicado o processo de qualificá-lo. Sabemos que as coisas têm suas características próprias, e funcionalidades  em nosso mundo da técnica, como bem afirmava Heidegger.  Então o ser seria esta funcionalidade? Em parte poderia sê-lo, mas, com certeza, será também sua forma de auto consumir-se, sua forma de desgaste até seu completo  acabar.        Todavia, fica mais evidente  observarmos o ente Homem, sua genética, sua funcionalidade, sua família, sua anatomia,  sua auto consciência, enfim todas características humanas  são atributos do ente, mas, nenhuma  representa o ser. Assim, o ser do homem está nele, contudo, não está atrelado  as características. Sabemos que o ser do homem é bem maior que o homem, alguns chamam de alma, espírito, inteligência  cósmica , sabedoria interior, poder superior. Mas, nenhuma destas qualificações enquadra totalmente o ser, haja vista, que o ser  encontra-se difuso na subjetividade do homem. Desta forma, o impasse continua, e, ninguém poderá afirmar com total convicção, que o ser do homem é isto, ou aquilo, ou que encontra-se, em algum lugar  da interioridade humana. Embora, seja um anseio que acompanha o ente humano desde os primórdios, o homem neste aspecto compreendeu muito pouco, e encontra-se no mesmo nível dos seus ancestrais. Mas, acreditamos que o ser do homem é a vida, pois a vida é tudo sem ela nada.


 

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