Não acredito no dogma do pecado original, porque tal dogma foi um meio utilizado para controlar e manipular o homem, para explicar, justificar a morte. Uma vez que,um Deus transcende, antropomórfico, e, poderoso, além de onipotente, jamais criaria o homem só para expô-lo a um processo traumatizante como a morte, posto que o caminho do berço ao túmulo é o caminho palmilhado pelo homem, com o medo a tiracolo...
Assim através da lenda da criação do mundo é narrado que Deus (o pai ) criou o mundo, os animais, e, depois criou homem e mulher, neste momento, este pai poderoso, superior resolve colocar a primeira norma proibitiva no mundo que foi: "O homem poderia desfrutar de tudo, mas não poderia comer do fruto da árvore da vida, também chamada de árvore do conhecimento". Portanto, com esta determinação, Deus assegurou a transgressão, o pecado! Quando Deus perguntou ao homem o que ele tinha feito, por achá - lo estranho, "o homem imediatamente encontrou um bode expiatório, e, afirmou: "Foi a mulher que tu me destes que induziu - me a comer do fruto proibido". Já a mulher imediatamente retrucou: "Foi a serpente que me enganou". Mas a culpa já estava instalada, e, a ideia do erro, do pecado, justificava agora o porquê do homem morrer! Assim com a culpa, o medo, a religião poderia controlar o homem. Foi o que aconteceu durante muito séculos.
Portanto, surgiu o cristianismo fundamentado nas ideias platônicas. Que com sua teoria da forma criou a dualidade . Nietzsche denominava estas ideias de niilismo ( negar o real por uma ideia). Eis, um meio genial de manter o homem acorrentado a direção religiosa. Portanto, foi com a ideia de Céu, Inferno que a igreja predominou por séculos. A lógica era assim: O homem infrator "pecador" iria por toda eternidade sucumbir nas chamas ardentes do inferno, enquanto o homem "bom" iria gozar as maravilhas do céu também por toda eternidade. Eternidade representa ausência de tempo. Logo, com uma argumentação poderosa foi instalada na consciência humana a ideia de culpa, de pecado, a tal ponto de deixar o ente humano sem defesas diante da ação manipuladora da Igreja. Até hoje existem pessoas que vivem obsecadas com medo de pecar, e, ir para o inferno. Assim, toda crendice prosperou e prendeu o homem ao medo. Recentemente lendo a magnífica obra de Santo Agostinho, confissões me deparei com desabafo deste santo homem, o qual deixou-me estarrecido: " Ouvi-me ó meu deus! Ai dos pecados dos homens! É um homem que assim fala . Vós, senhor, compadecei-vos dele, por que sois o seu criador, e não autor do pecado. Quem me poderá recordar o pecado da infância, já que ninguém há que diante de vós esteja limpo, nem mesmo um recém nascido, cuja vida sobre a terra é apenas um dia?Quem mo trará a memória ? Será por ventura algum menino, ainda pequerrucho, onde posso ver a imagem do que fui e de não resta lembrança? Em que podia pecar, nesse tempo? Em desejar ardentemente, chorando, os peito de minha mãe? Se agora suspirasse com a mesma avidez não pelo seios materno, mas pelo alimento que é próprio da minha idade, seria escarnecido,e justamente censurado." Na página seguinte do mesmo livro Santo Agostinho declara: "Assim, a debilidade dos membros infantis é inocente mas não a alma das crianças.Vi e observei uma , cheia de inveja , que ainda não falava e já olhava, pálida, de rosto colérico para o irmãozito Colaço". Observando as citações de Santo Agostinho, um homem culto, um filósofo, uma figura proeminente da Igreja que nos legou um acervo magnífico de sabedoria, fiquei convencido que estava diante de um homem assombrado, obcecado pelo medo, pela ideia do pecado, principalmente do pecado original, ao supor que uma criança de apenas um dia de nascido fosse maculada pelo pecado. Um absurdo! Em outra situação o eminente filósofo assegura que uma criança que ainda não sabia falar estava colérica de inveja do irmão. Quando Agostinho viu inveja na criança , será que ele não estava apenas projetando sua inveja para a criança que nada sabia, que não tinha ideia de posse. Eis ao meu ver a realidade, o pecado original foi uma justificativa para morte, a ideia do pecado durante séculos foi, e, é usada para controlar à humanidade. Não acredito em pecado original, não acredito em céu, não acredito em inferno, não acredito em Deus com comportamentos humanos. Acredito na inteligência cósmica, acredito na magia e exuberância da vida, acredito na força edificante do amor, acredito que se deve viver cada instante com sabedoria, respeitar a vida, agradecer ao dom da vida, mesmo que seja por algumas dezenas de anos. Interessante para as religiões eu seria denominado ateu, enquanto para espiritualidade eu seria denominado religioso.
O poeta Fernando Pessoa revela a maior certeza do ente humano, a morte. Eis a fonte de medo, ansiedade da humanidade posto que o homem é auto consciente, portanto, ele sabe que existe e vive, também sabe que um dia irá morrer. Apesar de ser uma frase extremamente realista, ( "o homem é um cadáver adiado), não deixa de ser uma alerta ao homem, para que ele aprenda a valorar sua vida. Outro aspecto desta frase é demonstrar a finitude do homem ou seja o homem tem prazo de validade. No entanto, a imensa maioria da humanidade não quer nem pensar sobre o assunto, prefere colocar para um futuro bem distante esta dura certeza. Discordo desta frase, porque ela reduz o homem ao corpo. Pois, o cadáver é o corpo sem a essência, Vida, (que é tudo sem ela nada). Acredito que habita no corpo do homem uma semente divina. Também acredito que a vida ocorre como uma oportunidade de realização de um processo, Nascimento do divino no humano. Assim, não aceito que o homem seja
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