O homem gosta de se sentir poderoso. Em um devaneio metafísico acreditou que um Deus, um ser incausado, perfeito, portanto, eterno,sem começo, tampouco fim, criou o homem feito sua imagem e semelhança. Mas, um ser finito...Como justificar a morte? Como explicar a eternidade na impermanência? Como explicar a perfeição divina diante a imperfeição humana? Eis o grande desafio para a filosofia, que infelizmente até agora não obteve sucesso.
Antes do surgimento da filosofia dois homens, (pré filósofo), Heráclito e Parmênides que apesar de não se conhecerem foram protagonistas da primeira contenda filosófica. Tudo ocorreu no século V a.C na Grécia. Heráclito defendia a impermanência, portanto, o não ser, o nada. Tudo se resumia em um contante fluir. Uma constante mudança. Já Parmênides defendia o ser, que para ele, este ser, não teve começo, logo nunca terá fim. O Ser Parmenidiano se contrapõe ao não ser Heraclitiano.
Eis o cerne da primeira controvérsia filosófica. Como negar a impermanência? Platão nesta polêmica foi ladino. Digamos, agradou aos dois. Como? Ele criou sua teoria da forma que define a existência de dois mundos separados. Um mundo denominado real (seria o mundo de Parmênides) , o outro denominado de obscuro,( o nosso), o mundo de Heráclito.
No mundo real também denominado mundo das ideias residiam todas as formas perfeitas de tudo que existe no mundo obscuro. Por exemplo: "o cachorro perfeito existe como forma no mundo das ideias, e, todos os cachorros que aqui vivem são pálidas cópias da forma verdadeira". Assim, Platão criou a forma perfeita de cachorro (o ser) imutável e eterno, o ser de Parmênides.
No mundo obscuro reside cópias transitórias das verdadeiras formas do mundo das ideias, estas cópias são imperfeitas e transitórias. ( Ser Heraclitiano) O cristianismo usou esta tese platônica para fundamentar sua teologia cristã. Isto é fato. Devido a isso. Tem quem chame o cristianismo de platonismo dos pobres.
Feito estas explicações retornemos ao tema. "O homem tem um nada nas mãos". O que é nada ? Nada é não ser. Negação do ser. Sartre acreditava que o homem surgiu do nada. E que ao longo da vida este homem através da liberdade (escolhas) vai-se construindo. Eis o existencialismo:"sem passado, pois, o ente humano surgiu do nada. Sem futuro porque o futuro se resume a uma dança temporal, onde futuro, presente e passado se encontram no instante. Cada instante devora o instante anterior. Assim de instante a instante o homem vai se consumindo até sua morte.Mas, o que de fato o homem tem? Tem algumas memórias dos acontecimentos de sua existência. Tem alguns conhecimentos operacionais. Tem algumas regras, valores. Além de sua conta bancária, seus títulos, e, alguns entes queridos. No entanto, poder o homem tem muito pouco, porque ele não controla nem seu organismo. Refletindo com isenção fica fácil a seguinte comprovação: Na vida o homem não decidiu entrar, tampouco decide como e quando irá sair. Não decide sobre seus entes queridos. No essencial o mais que o homem pode fazer é aceitar. Nada mais. Olhando para minha vida comprovo minha total impossibilidade de exercer controle sobre o que acontece no universo. Não posso determinar um dia de Sol... Posso apenas desejar, porque faz parte de mim desejar, sim sou ser um desejante. Então o que me resta? Primeiro sou ciente, sei sobre mim, e os outros. Sou dotado de alguma escolha, portanto posso escolher entre a verdade e a mentira, posso buscar a verdade sem fugir para mentiras. Nietzsche não se preocupou com a origem do homem. Nietzsche desconstruiu a ideia de um mundo pós morte. Nietzsche como Sartre defendia esta vida, esta existência, este mundo. Por isso São denominados de existencialistas. (Apesar de Nietzsche jamais ter se auto denominado de existencialista).
Defendo que o homem apesar do imenso desejo de permanência, nada pode fazer sobre a impermanência. Desta forma é bem mais importante valorizar o que tem, sua vida no agora. O resto são hipóteses ou desejos. Apenas o nada coisificado. Neste mundo Heráclito está correto, visto que neste mundo a única coisa que predomina é a impermanência. Tudo que existe deixará de existir um dia. Tal fato segundo Albert Camus: "é um absurdo"...
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