Quem sou? Eis a pergunta que sempre acompanhou-me desde criança. Inicialmente existia em mim, uma identificação com meu corpo. posteriormente meu nome passou a ser importante. Aliado com um conjunto de opiniões dos outros gravado em minha memória. Mas, com o passar do tempo fui tendo uma forte intuição que eu era bem mais do que meu corpo, ou um conjunto de memórias a meu respeito. Visto que existia algo inefável em mim!
Portanto, deste momento que compreendi que existia em mim um sentido de presença,que me tornava diferente de qualquer coisa, assim, a primeira certeza surgiu em mim: eu não era uma coisa, um ente qualquer.Eu era um Ser e,i o que assegurava minha qualidade de ser era a presença em mim. Mas, o que significa esta presença? Para os religiosos significa a suprema criação de Deus! Um Deus antropomórfico. Para os ateus uma a combinação de fatores orgânicos, ambientais, que ocorreu no universo há milhões de anos... Eis, os dois extremos o crente e o ateu. Para mim, a presença é algo inexplicável para limitada inteligência humana, que é incapaz de desbravar o desconhecido.
Não obstante, a minha impossibilidade para explicar, definir a presença.Tal impossibilidade não elimina da presença sua grandiosidade, sua pujança, exuberância, porque este sentido de presença é uma permanência e, uma transcendência. Permanência porque a presença só ocorre no âmago do corpo, e, transcendência porque a presença é afirmação de uma força que não é corpo, é algo além do corpo. Todavia este sentido de presença proporciona uma condição que é única do homem, que é autoconsciência, ou seja, saber que existe e, saber que vive, que vai findar morrer um dia. Destarte, esta autoconsciência gerou na humanidade um intenso sofrimento, através do medo do findar, e, influenciou de forma significativa o surgimento das religiões em geral. Posto que antes do aparecimento do homem na terra não existia a ideia de Deus, tampouco de religião.
Portanto, sou o sentido de presença, sou a transcendência! Sou um mistério, a angústia, e, a alegria da vida... Contudo, jamais compreendi o imensurável. Assim, apenas reverencio o grande mistério, sem procurar definí - lo, sem criar uma "verdade" para tal enigma. Desta forma não preciso de crenças, de dogmas, de teologias, porque o mundo é meu altar e, a vida a manifestação da força em mim. Independente do nome que se crie para explicar tal força: "Atman, Eu superior, Alma, Deus, força cósmica", etc.Saliento que atualmente busco viver o agora, com a certeza da minha insuficiência cognitiva para compreender o universo.
Outrossim, sei da imensa polêmica com referência a Deus e homem. Mas, jamais entrarei em contenda defendendo alguma tese teísta ou ateísta. Entretanto, não posso deixar de salientar outro fator importante, e, não entendido pelo homem, que é a solidão existencial, uma verdade irrefutável, pois, o homem apesar ser definido por Aristóteles: "Como um animal político, um ser social". Na verdade, o homem é um solitário existencial, do nascer ao morrer existe uma íntima solidão no homem. Por que ninguém consegue vislumbrar, penetrar na consciência, na alma de outra pessoa, visto que existe uma distância abismal, que não é medida em metro ou qualquer outra medida, porque esta distância é subjetiva, eis a verdade; tens dúvidas? busque penetrar na consciência de outro ser humano. O que aconteceu? A mais contundente verdade, não foi possível! Quando descobri esta solidão existencial passei a respeitar, e, celebrar cada relação minha com o outro. Hoje sou mais um "lobo da estepe", um solitário, mas sem sofrimento, porque vivo cada instante celebrando a vida e, aceitando os acontecimentos sejam bons ou negativos, mas, estou aberto para a vida até o momento final.
O poeta Fernando Pessoa revela a maior certeza do ente humano, a morte. Eis a fonte de medo, ansiedade da humanidade posto que o homem é auto consciente, portanto, ele sabe que existe e vive, também sabe que um dia irá morrer. Apesar de ser uma frase extremamente realista, ( "o homem é um cadáver adiado), não deixa de ser uma alerta ao homem, para que ele aprenda a valorar sua vida. Outro aspecto desta frase é demonstrar a finitude do homem ou seja o homem tem prazo de validade. No entanto, a imensa maioria da humanidade não quer nem pensar sobre o assunto, prefere colocar para um futuro bem distante esta dura certeza. Discordo desta frase, porque ela reduz o homem ao corpo. Pois, o cadáver é o corpo sem a essência, Vida, (que é tudo sem ela nada). Acredito que habita no corpo do homem uma semente divina. Também acredito que a vida ocorre como uma oportunidade de realização de um processo, Nascimento do divino no humano. Assim, não aceito que o homem seja
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